quinta-feira, 2 de março de 2023

Jupiter é logo ali, Afrodite

 Difícil pensar em uma maneira, bonita e também utilitária, se manter-se um blog 2023 que não se torne um diário. A questão não sobre a necessidade de buscar o relato de uma privacidade desinteressante, e digo isso até para mim. A questão é que quando algo grande acontece em nossas vidas, as vezes, eventualmente, a depender da "grandura" nós morremos. Isso me lembra de outras mortes, menos subjetivas. Já tenho anos suficientes para ter perdas, cá estamos. Mas quando elas chegaram parecia uma grande batida de carro - dolorosa, camera lenta - um desastre insuportavelmente mudo.


Uma parte muito grande de mim morreu, e ainda que me digam que algo nasceu ali, nada nasceu ali. Ficou um ser, piloto automático.


Gosto de imaginar que essa nova eu que nascerá está em jupiter, chegará de outras galáxias, com outras habilidades. Queria poder ter um espaço mental mais confortável para atravessar isso, não há. O que mais estarrece é perceber que morri nesse evento, figuritivamente, por óbvio, não por ele em si. Mas porque gradativamente eu fui indo embora pra Jupiter.  Não é fácil perceber, aceitar...que bem antes de tudo mudar algo havia mudado gradativamente. Sonhos, militância, força vital,... 


Estava usando Jupiter de depósito pra todos esses pedaços que eu fui: sobra apenas o receptáculo, que vai pro trabalho, que interage na medida do nessario. Já fui engajada politicamente, já quis mudar o mundo, já amei. Na desculpa de amadurecemos abandonamos muita coisa. Agora vejo, ainda por trás de uma névoa, que não se trata de deixar pra traz mas de manejar dentro da vida cotidiana capitalista adulta a dose adequada e a metodologia certa: de luta, sonho e amor. Ainda não sei fazer. Mas vem comigo.

Jupiter é logo ali, Afrodite

 Difícil pensar em uma maneira, bonita e também utilitária, se manter-se um blog 2023 que não se torne um diário. A questão não sobre a nece...